RODERICK STEEL
FILMMAKER & VISUAL ARTIST
Primeiras Fotografias
First Photographs
2011
Entre Dezembro 2009 e Janeiro de 2010 a Missão Cassini da NASA divulgou as primeiras fotos de uma Lua que 'rouba' o anel de Saturno. Decidiram então chamar esse satelite de 'Prometeo', comparando o com o Titan Grego que rouba o fogo dos deuses e é punido por Zeus (preso a uma rocha para a eternidade.)
Essa proposta de video se apoia no ensaio 'The Fourth Stage' do autor Nigeriano Wole Soyinka em que ele descreve Ogum como 'o primeiro protagonista do abismo' e o compara com Prometeo. Defende-se aqui que a imagem de Prometeo 'preso, durante a eternidade' seria, de fato um prototipo de primeira imagem fotográfica: não material, mas imaterial. O convite que se faz no mito do Prometeo, é de imaginar uma pessoa congelada no tempo-espaço. Com o advento da fotografia, todos nós ficamos 'presos durante uma eternidade' dentro de uma foto. A Nasa pode ter fotografado Prometeo pela primeira vez no espaço em 2009, mas a 'foto de Prometeo' precede a própria fotografia.
Esse trabalho contempla uma festa de candomblé, filmada no final de 2009, na mesma época da divulgação das fotos de 'Prometeo'.
Costuma-se enterrar no meio do barracão do candomblé o 'axé' fundador do terreiro. Muitas vezes monta-se um poste central, conhecido em outras culturas como o 'Axis Mundi'. e chamado de 'Opô Oun Orun Aiye' no candomblé: a haste que liga o céu e a terra. Exepcionalemnte, este terreiro não apresenta o poste. Ademais - que também é pouco comúm - os orixás prestam homenagem a este 'Axé da casa' colocado no meio do barracão.
São poucos os momentos dentro do candomblé brasileiro em que os orixás podem se expressar para além de suas danças. O Registro mostra a interação do orixá com o axis mundi: o encontro do orixá com a própria força vital de sua origem.
São presentes, durante o registro do ritual, uma fotógrafa e um cinegrafista. O candomblé apresenta um conjunto de símbolos materais cujos signigificados remetem ao mundo invisível. A fotografia e a filmagem, quando encomendadas a terceiros - pessoas sem vinculo iniciático com a religião - se entrega a códigos de consumo e produção de imagem associados a eventos profanos como casamentos, festas de aniversário etc..* A presença desses nos lembra o registro feito por antropólogos, pesquisadores em geral (artistas...), cada qual apoiado nos seus critérios para confeccionar sua imagem do sagrado.
FILMADO NO Ilê Afro-Brasileiro Odé Lorecy em 2009.
Wole Soyinka in his essay "The Fourth Stage", tells us:
"The god whose ritual Soyinka offers as the model for this organic restoration is Ogun, who risks his own life to bridge the abysses that separate the three stages of Yoruba existence -- the world of the ancestors, the world of the living, and the world of the unborn."
Ogun, as Soyinka reads the myth, is unique among tribal deities because he is at home in none of these three structured states of experience. Rather, his realm is the chaotic region of transition between them, what Soyinka calls the "fourth stage" of the Yoruba universe, a condition where opposites collide without resolution in "a menacing maul of chthonic strength that yawns ever wider to annihilate" all social and natural order. Ogun's heroic passage through this realm not only preserves the connections between the ancestors, the living, and the unborn, but it also revitalizes the Yoruba cosmos by benignly channeling into it fresh energies from the fourth stage.
This model of social revolution is essentially one of a recurring crisis, where novel and alien forces are regularly mastered and integrated into the matrix of tradition and custom. It is to the challenge of this crisis that Soyinka commits his art, and only within its context can the signature gestures of his style achieve their full meaning. But once seen in the framework of Ogun's encounter with the fourth stage, Soyinka's discordant mixing of genres, his willful ambiguities of meaning, his unresolved clashes of contradictions cease to be the aesthetic flaws Western critics often label them and become instead our path into an African reality fiercely itself and utterly other.
Filmed at Ilê Afro-Brasileiro Odé Lorecy, Embu/São Paulo, Brazil
Selected for the World Photography Organization Carousel Slide Screening, London. 2011.
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