RODERICK STEEL
FILMMAKER & VISUAL ARTIST
DISENCHANTMENT
desencantamento
2010
Simulação de vídeo-instalação
Intervenção áudio-visual sobre uma poética religiosa singular.
Nota Etnográfica:
Em termos etnográficos, nota-se que são os únicos encantados no Tambor-de-Mina que usam uniforme. São roupas verdes, com insígnias que lembram a bandeira brasileira. Estes 'encantados' são de origem Italiana e Portuguesa, do século XVI, e cultuados em pouquíssimos terreiros no Pará e Maranhão, Desconheço em qualquer outra 'nação' do candomblé ou umbanda ritual semelhante que substitui a tradicional 'chamada' a incorporação com uma 'despedida'. Outra característica dos encantados é que ficam de olhos abertos durante o transe.
O trabalho:
Este trabalho parte então de um desejo de explorar o olhar e estranhamento de um fenômeno religioso sobre o qual quase nenhum brasileiro tem familiaridade, e que não figura entre textos acadêmicos especializados. A imagem que se apresenta - de pessoas aparentemente 'acordadas' que dormem durante um momento-específico e acordam novamente - é paradoxal, pois estão em transe e dormem em processo de transição para o acordar. O 'dormir' esta como um 'instante' entre o transe e o acordar. Além do mais, a dramaticidade da entrega ao 'dormir' se faz de maneira personalizada: cada encantado se entrega ao sono-transicional de maneira subjetiva. A sensação é de se presenciar um ato criativo, de um teor operático, que se desprende de uma construção religiosa
Ao explorar os códigos visuais deste ritual nos deparamos com as obras de Andy Warhol ( 'Sleep' e o gesto repetido de outras obras), Sophie Calle ('The Sleepers'), o cine-transe de Jean Rouch, a manipulação do registro etnográfico (Trinh T. Minh-ha) e - aletoriamente - o estruturalismo de Malevich.